Desencanto e desilusão não negam, antes filtram como uma peneira as gelatinosas mentiras, a retórica sentimental, a pieguice do coração, com a qual de bom grado enganamos os outros e nos enganamos a nós próprios: esse é talvez, um traço comum aos livros que, desmascarando o vazio em que assenta a realidade e os ouropéis com os quais se pretende dissimulá-lo, ajudam a olhar sem medo esse vazio e também a apercebermo-nos do amor que existe não obstante essa voragem.
Claudio Magris - Alfabetos
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