domingo, 3 de janeiro de 2021

se a vida não era um sonho, era pelo menos pantomima (# 472)

 

corria-lhe nas veias o vinho da narrativa e quisera o céu que fosse seu hábito contar primeiro a si mesmo as coisas do mundo para poder entendê-las e contá-las depois aos outros, vestidas com a música e a luz da literatura, porque intuía que, se a vida não era um sonho, era pelo menos pantomima onde o cruel absurdo do relato fluía entre bambolinas, e que não havia entre céu e terra vingança maior nem mais eficaz do que esculpir a beleza é o engenho a golpes de pá lavras para encontrar o sentido e o semsentido das coisas.


A Cidade de Vapor - Carlos Ruiz Zafón

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