A minha primeira caçada aos gambuzinos aconteceu
pelos tempos em que eu andava ainda na escola. Convidaram-me e
explicaram-me. Até me ofereceram o saco conveniente e necessário.
Excitado, preparei-me em casa. Treinei devidamente, emboscado atrás da
porta, a tentar caçar experimentalmente o meu pai, que subia a escada.
Pareceu-me que não gostou. Os pais, não é...? Na noite da caçada, lá
fomos. Eu entusiasmado, com a lanterna e o saco apropriado. E também a
moca que estava atrás da porta, que à noite há ladrões, foi a
justificação que me veio à cabeça no momento. Todos concordaram. Mas não
me venham dizer que não há gambuzinos. Apanhei três. Um deles parece-me
que se chamava António André e ficou coxo. Ainda está, creio. Uma
fractura excelente, mesmo pela rótula. Tudo me leva a crer que a caça
aos gambuzinos é realmente importante. Temos que apanhá-los. Temos
mesmo. Seja lá como for.
Mário-Henrique Leiria - Novos Contos do Gin
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