quarta-feira, 21 de agosto de 2013

# 72



- Tenho outro inimigo atrás de mim, que o doutor não vê - dissera-lhe o Cônsul, erguendo o rosto para os vulcões e sentindo a sua desolação escapar-se para aquelas altitudes, onde, até nessa altura, a meio da manhã, a neve deslumbrante devia chicotear o rosto, e a terra a seus pés, não passaria de lava morta - um resíduo petrificado de plasma extinto, no qual até as árvores mais rudes e solitárias nunca viriam a pegar de raiz. - É um girassol. Sei que me odeia e que me anda sempre a espiar.
- Exactamente - respondera o Dr. Vigil - mas talvez o odiasse um bocadinho menos se você deixasse de beber tequila.

(...)

- (...) Sabe, compañero, às vezes, tenho a impressão de que este mundo está realmente a afundar-se, como a Atlântida, sob os meus pés. A afundar-se, a afundar-se, até chegar ao abismo onde pairam os horríveis polvos gigantes. - Merope de Theompus...E as montanhas ignívomas.
E o médico acenava sombriamente com a cabeça, enquanto ia dizendo:
- Si, isso é da tequila. Hombre, un poco de cerveza, un poco de vino, mas não torne a tocar na tequila! Nem no mescal...

Malcolm Lowry - Debaixo do Vulcão

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