sexta-feira, 5 de julho de 2019

# 437



Quer nos desloquemos verdadeiramente ou em imaginação, quer partamos para o mundo com a mente e o coração de um peregrino ou confiemos na pretensão de a biblioteca (nas palavras de Borges) ser outro nome do Universo, somos animais migratórios. (...) Algo nos atrai para o outro lado do jardim, da rua,do rio, da montanha - como se o que temos aqui fosse apenas causa  (ou consequência) do que está além, e ainda mais além.
(...) sentimo-nos obrigados a partir à aventura, a encarar cada paragem não como um objectivo em si, mas como um novo ponto de partida, como um posto de observação onde nos podemos preparar para ir conhecer o novo espaço que fica quase ao nosso alcance, próximo do horizonte, no futuro, perguntando-nos o que pode acontecer se atravessarmos a linha que separa o mar do céu, nesse lugar aparentemente inconcebível onde cada um de nós dará por si modificador verificará que a paisagem também mudou.

Alberto Manguel - Diccionário de Lugares Imaginários

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